Minami Keizi
Minami Keizi | |
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Nascimento | 9 de junho de 1945 Getulina |
Morte | 14 de dezembro de 2009 (64 anos) Itapevi |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | escritor, desenhista de banda desenhada |
Prêmios | |
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Minami Keizi (Getulina, 9 de junho de 1945 – Itapevi, 14 de dezembro de 2009) foi um quadrinista nipo-brasileiro, considerado um dos responsáveis pela introdução do estilo mangá no Brasil. Keizi era formado em Jornalismo e em Desenho.
Biografia
Nascido em Lins, no interior de São Paulo em uma família de oito irmãos, Keizi foi criado pelo avô, que era médico, monge budista e mestre de jiu-jitsu, com quem viveu até os 12 anos. Keizi teve contato com os mangás, através do pai, que recebia publicações japonesas do CAC (Cooperativa Agrícola de Cotia), nessas publicações conheceu o trabalho de Osamu Tezuka e passou a copiá-lo.
Em 1963, ao terminar o Ensino Fundamental, resolveu tentar a carreira de desenhista na capital paulista, publicou o conto "Pedrinho e a Greve dos Relógios" no Jornal Juvenil, com arte de Zezo. Em 1964, decidi apresentar a editora Pan Juvenil, seu personagem Tupãzinho (inspirado em Astro Boy de Osamu Tezuka), ao se deparar com o estilo mangá de Keizi, o também Wilson Fernandes, disse a Keizi que a aquele estilo estranho (olhos grandes e pernas compridas) não faria sucesso no Brasil. Em 1965, publicou uma tira diária do Tupãzinho no Diário Popular (atual Diário de São Paulo),[1] seguindo a sugestão de Wilson Fernandes, resolveu mudar a anatomia do personagem e passa a se basear no estilo desenvolvido por Warren Kremer para os personagens Gasparzinho, Riquinho e Brasinha da Harvey Comics.[2]
Em 1966, já como supervisor da Pan Juvenil, lança a revista "Álbum Encantado", uma antologia de contos e fábulas infantis, escritas por ele e desenhadas por Fabiano Dias, José Carlos Crispim, o Luís Sátiro e Antonio Duarte, todas histórias foram feitas estilo mangá (os desenhistas seguiram a orientação de Keizi, baseados nos quadrinhos japoneses), além da revista "Tupãzinho, o guri atômico", desenhada por ele. Com o fim da Pan Juvenil, os sócios Salvador Bentivegna e Jinki Yamamoto, convidam Keizi para fundar uma nova editora, a EDREL (Editora de Revistas e Livros). Na EDREL, trabalharam vários descendentes de japoneses, dentre eles, Claudio Seto, Fernando Ikoma, os irmãos Paulo e Roberto Fukue, entre outros. Tal qual, Keizi, Seto também trazia influência dos mangás e na EDREL publicaria as revistas "Ninja, o Samurai Mágico", "Ídolo Juvenil" e "O Samurai". Tupãzinho teve histórias publicadas na EDREL e torno-se mascote da editora. Nos tempos da EDREL, Keizi pode terminar os estudo através de um supletivo e fazer faculdade de jornalismo.
A Editora chegou a ter problemas com Ditadura Militar, por conta das quadrinhos eróticos publicadas por ela. Com saída de Salvador, Marcilio Valenciano assume o posto do antigo sócio, em 1972 Keizi se desentende com as diretrizes editorais de Valenciano e sai da editora, Paulo Fukue fica em seu lugar como editor, Fukue acaba sendo preso e torturado, com isso também sai da editora, tempos depois foi a vez de Yamamoto, pouco depois a EDREL chega ao fim. Em 1972, Keizi fundou como Carlos da Cunha, a Minami & Cunha Editores (M & C Editores), editora que foi responsável pela primeira publicação de Conan no país.[1] Também pela M & C são publicadas O Lobisomem e A Múmia de Gedeone Malagola, com arte de Nico Rosso e Ignácio Justo respectivamente.[3] Roteirizou a série Mitoloria em quadrinhos, com desenhos de Nico Rosso, a série misturava humor e erotismo em histórias inspiradas na mitologia grega.[4]
Astrólogo, Keizi entendia tanto de astrologia convencional como de horóscopo chinês, tendo lançado diversos anuários. Escreveu sobre o tema também para muitas revistas e livros,[5] inclusive no exterior. Tem mais de 800 livros esotéricos publicados, sobre uma diversidade de temas como: significado dos nomes, simpatias, sonhos e anjos. Editou a revista "Cinema em Close-Up" entre 1974 e 1979,[6] revista responsável pela divulgação do cinema Boca do Lixo.[5]
Nos anos 80, publicaria quadrinhos eróticos na Grafipar, editora de Curitiba, onde o amigo Claudio Seto montou um núcleo de histórias em quadrinhos, na editora, Keizi assinou como como Rose West, HQs eróticas ilustradas por Julio Shimamoto, publicadas na revista Maria Erótica.[7] Keizi possuía uma coluna na revista Neo Tokyo da Editora Escala, chamada Cultura Nippon, onde falava sobre curiosidades do Japão.[8]
Em 2003 e 2004 retornou às HQs roteirizando publicações da Editora Nova Sampa e editou a revista Japan Erotic, para qual criou vários mangás Hentais com a colaboração do ilustrador paulista Carlus Alexandre.
Em 2007, publicou pela EM Editora (um selo da Mythos Editora)[9] os livros "Lendas de Zatoichi" e "Lendas de Musashi", ambos ilustrados por Júlio Shimamoto.[10][11] Em 2008, em comemoração ao Centenário da imigração japonesa ao Brasil, foi publicado com o livro "Horóscopo Japonês", escrito em parceria com Claudio Seto,[12] entre suas várias atividades, Seto atuou como Onmyoji de uma seita Onmyōdō, atendendo pelo nome religioso de Onmyoji Seto Shamon.[13][14]
Minami Keizi faleceu dia 14 de dezembro de 2009, em Itapevi, na Grande São Paulo.[1][11]
Homenagens
Em 2004, recebeu o Prêmio Angelo Agostini na categoria Mestres do Quadrinho Nacional[1] e em 2008, Minami, Ypê Nakashima, Fernando Ikoma e os irmãos Paulo e Roberto Fukue , recebem o Troféu HQ Mix na categoria Grande Mestre, pela primeira vez o Troféu premiava cinco artistas ao mesmo tempo,[15] além de ser tema de um documentário em curta-metragem "Minami Em Close-Up - A Boca Em Revista".[16]
Referências
- ↑ a b c d Ayaka Kyoyama (15 de dezembro de 2009). «Falece Minami Keizi». site Henshin. Editora JBC. Consultado em 15 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 19 de dezembro de 2009
- ↑ Franco de Rosa (agosto de 2017). «Minami Keizi e as sinuosas trilhas do mangá brasileiro». Editora Escala. Neo Tokyo (119): 6-9. ISSN 1809-1784
- ↑ A trajetória das HQs de terror no Brasil
- ↑ de Campos, Luciana (janeiro de 2012). «O Brasil, enfim no Olimpo». Sociedade Amigos da Biblioteca Nacional. Revista de História da Biblioteca Nacional (76): 80-83
- ↑ a b Paulo Ramos e Gonçalo Junior (15 de dezembro de 2009). «Cremado corpo do editor que trouxe mangás ao Brasil». UOL
- ↑ Sidney Gusman (30 de novembro de 2005). «Opera Graphica lança livro teórico sobre hentai». Universo HQ. Consultado em 1 de junho de 2010
- ↑ Gonçalo Junior (19 de dezembro de 2008). «Resenha Maria Erótica - Nova Fase». Universo HQ. Consultado em 18 de novembro de 2009
- ↑ «Neo Tokyo 29». site da Revista Neo Tokyo. Editora Escala. Consultado em 16 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 16 de dezembro de 2009
- ↑ Marcelo Naranjo (6 de setembro de 2007). «EM Editora é selo da Mythos». Universo HQ
- ↑ Marcelo Naranjo (4 de setembro de 2007). «Novos livros ilustrados nas bancas podem enganar o leitor». Universo HQ. Consultado em 19 de outubro de 2009
- ↑ a b Lielson Zeni (15 de dezembro de 2009). «Morreu Minami Keizi». Universo HQ. Consultado em 15 de dezembro de 2009
- ↑ Minami Keizi. «Culutura Nippon». São Paulo: Editora Escala. Neo Tokyo (7). 59 páginas. ISSN 1890-1784 Verifique
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(ajuda) - ↑ Entrevista: Claudio Seto
- ↑ Animencontros: o hibridismo cultural midiático como consequência do relacionamento na formação de novos costumes juvenis
- ↑ Sidney Gusman (17 de julho de 2008). «Universo HQ é octacampeão do HQ Mix; confira todos os premiados». Universo HQ
- ↑ «Minami Em Close-Up - A Boca Em Revista». Porta Curtas - Petrobrás [ligação inativa]
- Bibliografia
- Sônia Luyten (1991). Mangá: o poder dos quadrinhos japoneses. [S.l.]: hedra. ISBN 9788587328175
- Elydio dos Santos Neto. Primeiro semestre de 2009. «Minami Keizi, a Edrel e as HQs brasileiras: Memórias do desenhista, do roteirista e do editor» (PDF). Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Caderno.com. 4 (1): 28-48. ISSN 1980-0916
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