Golpe de 11 de Março de 1975

Paraquedistas e civis, nas imediações da base do RALIS / RAL 1, durante os acontecimentos do 11 de março.

O Golpe ou Intentona de 11 de Março de 1975 foi uma tentativa de golpe de estado dirigida por António de Spínola. Precedida pela manifestação da "maioria silenciosa". Rumorejada sucessivamente, terá sido finalmente desencadeada pela crença de Spínola de que a extrema-esquerda estava prestes a levar a cabo uma série de assassinatos, na suposta "Operação Matança da Páscoa". Resultou no exílio de Spínola[1], e instiga o tumultuoso Verão Quente.

Breviário

Antecedentes

Ao longo de 1974, após a revolução de Abril, as forças políticas de direita então democrática são lideradas por António de Spínola. Este, desistindo em julho da federalização de Portugal colonial[2][3], procurava ainda assim que Portugal liderasse uma organização supranacional que incluiria as antigas colónias, e que se garantisse preservação dos interesses e entidades nacionais nestas.[4]

Esta posição vê-se oposta pelos apologistas do retirar incondicional de forças, da descolonização total e imediata, incluindo aderentes aos dogmas marxistas que cada vez mais protagonizam o Processo Revolucionário Em Curso (PREC), principalmente os membros do Movimento das Forças Armadas (MFA) que viriam a ser chamados "militares vermelhos", concedendo o seu apoio aos partidos totalitaristas marxistas africanos que estavam a consolidar controlo dos territórios recém-independentes. De tal forma que Spínola, após a frustração da manifestação da "maioria silenciosa", se afasta do poder e do MFA em setembro de 74.

Os membros da NATO, em especial os EUA, a par da Espanha franquista, acompanham os desenvolvimentos em Portugal com manifesta preocupação.

A supressão de manifestações em praça pública e crescente exclusão da vida política instiga o radicalizar de certas forças conservadoras, que observam com desgosto várias instituições da sociedade civil, em particular o próprio governo do MFA, inflectirem-se ao ideário marxista. Em sequência à pública insatisfação de caudilhos conservadores como Spínola, Kaúlza e Galvão de Melo, e à criação de grupos de restauração fascista como o Exército da Libertação de Portugal (ELP), surgem rumores de planeados golpes de estado entre as inteligências de vários estados que acompanham os desenvolvimentos portugueses, sendo o governo do MFA sucessivamente avisado. Identifica-se a Base Aérea de Tancos como mais provável centro de operações golpista.

Em março de 75, Spínola, já conspirando, é informado da suposta "Operação Matança de Páscoa", alegadamente apoiada pelo Bloco Soviético, que visaria eliminar chefias das principais forças opostas aos simpatizantes deste bloco, via centenas de assassinatos. Sem demoras, põe em marcha o golpe, e dirige-se incógnito a Tancos.

A tentativa de golpe

A 11 de março, liderados por Spínola, aeronaves e paraquedistas atacam a base do Regimento de Artilharia de Lisboa (RALIS, antigo Regimento de Artilharia Ligeira n°1 - RAL 1) e tentam tomar o controlo operacional da base aérea de Monte Real, estando planeado o ataque prosseguir em seguida para outras posições estratégicas do governo e sociedade civil. Os golpistas incluiam membros e ex-membros da Guarda Nacional Republicana (GNR) e da Polícia de Segurança Pública (PSP), a sua missão focada em tomar postos policiais, logísticos e de comunicação.

Várias unidades militares nas quais Spínola contava não aderem ao golpe. Os defensores rechaçam os golpistas em várias frentes, e chegam ao RAL 1 reforços do MFA e populares por ele armados, que tomam o lado dos defensores.

Gera-se um impasse desfavorável à ofensiva, que resulta eventualmente na rendição do grosso dos golpistas, e fuga de alguns, incluindo Spínola, via Espanha franquista, ao fim de cerca de 8 horas desde o início da intentona.

Consequentes

Verifica-se imediata e crescente desinstabilidade política, com os mais extremos opositores do radicalizado Spínola a capitalizarem da sua queda e exílio, em particular Otelo de Carvalho e Vasco Gonçalves.

A rejeição popular de um golpe spinolista, contra o demais MFA que havia liderado a Revolução de Abril, leva a uma antagonização da direita política, incluindo militares presumivelmente associados a Spínola. Chega a haver breve discussão de fuzilamento dos revoltosos de 11 de Março, contraposta com sucesso pelos moderados, que se vêem inicialmente assoberbados pelo avivar de fervor revolucionário e de preocupações de segurança do novo regime. O MFA divulga a necessidade de "saneamento" das forças armadas. Políticas de nacionalização da Banca e expropriação de recursos e sectores produtivos são sumariamente aprovadas, e industriais potencialmente problemáticos presos.

Os moderados fazem, no entanto, preservar os planos para eleições democráticas. As eleições constituintes resultantes definem que a criação da constituição fica sobretudo a cargo do Partido Socialista (PS) e Partido Popular Democrático (PPD).

A hostilidade para com a direita política tem cúmulo em actos de violência como manifestações destrutivas, supressão partidária e mesmo detenções ilegais e tortura. Do exílio, Spínola estabelece o Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP). Organizações radicais, de lados opostos do espectro político, fustigam crescentemente a sociedade civil.

Os EUA, que haviam sido acusados de planear um golpe em Portugal ainda antes da antecipada intentona de Spínola, são antagonizados pela extrema-esquerda, empoderadas pela queda auto-infligida de Spínola e das suas ideias políticas. A Espanha franquista começa a defender perante membros da NATO a necessidade de intervenção militar em Portugal para prevenir um socialismo autocrático alinhado com o bloco da União Soviética, ideia apoiada por certos elementos estado-unidenses.

Nas instituições políticas, as forças que ficam defrontam-se. Registra-se crescente caos governativo. A descolonização é posta em marcha a todo o vapor.

Seguir-se-á o Verão Quente.

Cronologia

  • 28 de Setembro de 1974 - É frustrada uma manifestação, designada por maioria silenciosa, contra as forças comunistas instaladas no país. Os trabalhadores do então Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa denunciam “os apoios dados" aos partidos de extrema-direita Movimento de Acção Portuguesa (MAP) e Partido Liberal (PL), incluindo material usado na manifestação. Segue-se a ilegalização dos partidos.[5]
  • 30 de Setembro de 1974 - O General António de Spínola demite-se do cargo de Presidente da República.[6]
  • Finais de Janeiro de 1975 - Espelhando o descontentamento de muitos oficiais das forças armadas, os oficiais da Escola Prática de Cavalaria de Santarém (EPC), de Salgueiro Maia, aprovam uma moção de desconfiança relativamente à Comissão Coordenadora do Programa do MFA, que seria subscrita por vários oficiais de outras unidades da Região Militar de Tomar e de Évora, criticando as políticas de sindicalismo que declaram deteriorar a hierarquia militar formal.[7]
  • 30 de Janeiro de 1975 - A embaixada estado-unidense é contactada com o intuito de solicitar a ajuda dos EUA num golpe de Estado de direita, por um "indivíduo envolvido" no golpe que era "responsável e competente". Este facto é de imediato relatado pelo novo embaixador para Washington, ainda que não se soubesse "quem o apoiava e quais as suas hipóteses de sucesso".[8] O executivo estado-unidense de Ford discute a abordagem para com Portugal, entre moderados como Frank Carlucci e intervencionistas como Kissinger. A NATO envia um contingente naval para a foz do Tejo, na operação nomeada "Locked Gate" (Portão Fechado). Não muito longe do palácio de Belém, o porta-aviões Saratoga fundeia no Tejo.[9][10]
  • 17 a 22 de Fevereiro de 1975:
    • Circulam rumores em Belém de que está em preparação um golpe da direita, com ataque aéreo ao quartel do RALIS / RAL 1, planeado para 1 de Março desse ano[1][11]. Algumas fontes indicam que será "com largo apoio financeiro, com a cumplicidade oficiosa das autoridades espanholas e com grupos de elementos da ex-Legião Portuguesa (LP) e da ex-Direcção Geral de Segurança (DGS)", sendo indicado que o mais provável grupo executante seria o ELP, com a possível liderança como o "triunvirato Spínola-Kaúlza-Galvão de Melo". Declara-se que vários dos potenciais golpistas estariam sob vigilância.
    • Os spinolistas planeiam aproveitar a periodicidade semanal das reuniões do Conselho dos 20 para sequestrar os seus elementos pró-comunistas, que deveriam ser aprisionados no palácio de Belém e forçados a renunciar às suas funções. O golpe palaciano deverá ser acompanhado pela tomada de controlo das principais unidades militares da Região Militar de Lisboa, capitalizando do clima generalizado de descontentamento entre os oficiais superiores. O objectivo é o restabelecimento da hierarquia nas Forças Armadas, a atribuição do governo a elementos civis e o controlo do Programa do MFA. Inicialmente programado para 20 de fevereiro, este golpe palaciano será adiado para o dia 17 de Março.[8]
  • 3 de Março de 1975 - O diário A Capital transcreve um artigo da revista “marxista-leninista” alemã ocidental Extra, segundo o qual "a CIA" planeava um "golpe em Portugal ainda antes do fim de Março" com o objectivo de promover a "guerra civil" e "a eliminação ou o rapto de Otelo Saraiva de Carvalho". A República Federal Alemã (RFA) estaria "a colaborar" com a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) e Frank Carlucci. Os visados desmentem prontamente.
  • 6 de Março de 1976 - A revista francesa Témoignage Chrétien declara que Spínola tinha recebido luz verde do embaixador dos EUA para preparar um golpe de Estado. Em contraste, Frank Carlucci envia para Washington uma avaliação num tom moderadamente optimista. Declara que, mesmo considerando que "uma tentativa de golpe da direita" era "uma possibilidade real", acrescenta que ele não tinha "muitas hipóteses de sucesso", e que "mesmo se ele for bem sucedido em derrubar a actual liderança do MFA, a direita terá dificuldades em governar o país no longo prazo".[12]
  • 7 de Março de 1975 - Reunião sigilosa de Spínola com militares, ex-militares e outros civis. Os de experiência militar organizam-se em corpos numa estrutura de "comandos" e criam-se pseudónimos de código. Os civis, incluindo oficiais da PSP, são organizados numa estrutura que "estava pronta a colaborar no que fosse preciso", designadamente na eventualidade de uma resposta a um eventual "esquema de violência terrorista".[13] O major Hoschedorn, da RFA, informa o major Pedro Cardoso, do Estado Maior, que se prepara um golpe em Tancos.[1]
  • 8 de Março de 1975 - Posições dos spinolistas no MFA vêem-se consolidadas pelas eleições para a Assembleia do MFA de Freire Damião e Soares Monge em detrimento de Melo Antunes, Franco Charais e Otelo de Carvalho.[12][14]
  • 10 de Março de 1975 - Jorge Campinos declara em visita à RFA que "os socialistas portugueses, de acordo com o actual presidente Costa Gomes, pensam ser possível a substituição do Primeiro Ministro Vasco Gonçalves ainda antes da eleições. Para, com Costa Gomes ou até Spínola como presidente, poderem ter, depois das eleições, uma participação ainda mais activa nas decisões políticas".[15] Spínola parte da sua quinta em Massamá, onde estariam destacados GNR,[16] disfarçado com barbas postiças, na companhia da esposa, a caminho da Base Aérea de Tancos, comandada pelo Coronel Moura dos Santos, reunindo-se com o Regimento de Paraquedistas, comandado pelo coronel Rafael Durão.[6] Os conspirantes constatam que não existia ainda um plano de operações com ordens de serviço, nem era certo quais unidades militares iriam participar. Alguns oficiais manifestam a vontade de se retirar, mas são dissuadidos. Os adidos de Spínola contactam diversos outros comandantes à procura de garantir adesão ao golpe.
  • 11 de Março de 1975 - Dá-se o golpe:[17][18][19]
    • 9h00: A principal força que iria desencadear o golpe estava pronta na pista de Tancos.[17]
    • 10h45 - Pára-arranca:
      • Em Santarém, verifica-se o primeiro contratempo do dia. Na noite anterior, o comandante da Região Militar de Tomar brigadeiro Morais, que havia comandado a Escola Prática de Cavalaria até janeiro de 1974, contactara o actual comandante daquela unidade, coronel Morgado, tendo obtido a garantia da adesão da unidade, que deveria apoiar os paraquedistas em Tancos e neutralizar outros focos de resistência em Lisboa. Mas, ao abordar os seus homens nessa manhã, o coronel não consegue a sua mobilização. Salgueiro Maia destaca-se entre aqueles que se negam a aderir ao golpe, e os prometidos carros-blindados da EPC não saem do quartel.
      • Em Tancos, os aviões T-6 estão divididos em quatro parelhas, e o primeiro par descola. Só este irá armado, sendo as restantes aeronaves para intimidação.
    • 11h00 - O aliciamento de agentes para o golpe encontra mais entraves:[1]
      • O Tenente-coronel Almeida Bruno dirige-se ao comandante do Batalhão de Comandos na Amadora, o coronel Jaime Neves, comunicando-lhe o ataque iminente ao RAL 1 e atribuindo-lhe as missões de ocupação da Ponte 25 de Abril e das instalações do Rádio Clube Português e bloqueio a qualquer movimento de tropas do Regimento de Infantaria Operacional de Queluz, mas o interpelado decide não participar no golpe depois de saber que a Escola Prática de Cavalaria não se envolveria, e entra em contacto com o COPCON.[nota 1]
      • No Regimento de Cavalaria 7, na Ajuda, o coronel Alberto Ferreira[nota 2] é informado de igual modo por Soares Monge e Picão de Abreu, tendo-se no entanto recusado a participar no golpe até que a situação se clarificasse.
      • O major Morais Jorge e os tenentes-coronéis Vasco e Carlos Simas também procuram aliciar o major Andrade Moura, segundo-comandante do Regimento de Cavalaria 3, em Estremoz, comunicando-lhe a iminência de um golpe militar por antecipação a uma "matança da Páscoa", igualmente sem sucesso.
      • O tenente-coronel Quintanilha e o coronel Amaral chegam à base de Monte Real, vindos de Tancos, e solicitam ao seu comandante coronel Naia Velhinho a saída de aviões F-86 para efetuar voos de intimidação sobre Lisboa. Estes aviões já estavam preparados para levantar voo por ordem do coronel Proença e do próprio General Mendes Dias (então Chefe de Estado-Maior da Força Aérea), mas o comandante da base não autoriza a sua partida imediata.[20]
    • 11h45: Dois aviões T-6, pilotados pelo major Neto Portugal[21] e segundo-sargento Moreira, e quatro helicópteros, incluindo 2 Alouette III helicanhão de ataque, sob comando do General Spínola, sobrevoam e atacam o quartel do RAL 1, a comando do tenente-coronel Leal de Almeida,[17][20] perto do Aeroporto de Lisboa, com rajadas de metralhadora, foguetes ar-terra anti-pessoal SNEB e granadas de helicanhão. Começam a registrar-se feridos. Os defensores, liderados pelo sub-comandante do RAL 1 major Diniz de Almeida,[22][23][24] procedem à ocupação quase imediata de três torreões de 10 andares, situados em frente ao quartel, o que permite detectar e rechaçar os 40 paraquedistas comandados pelo capitão Sebastião Augusto Martins e Major Mensurado, que têm a missão de tomar o quartel. Estava planeada a consolidação do ataque por um Corpo de Tropas Paraquedistas, unidade de 120 paraquedistas, transportados por 3 Nord-Atlas até Aeroporto de Portela, para seguirem para a base do RAL 1 na Encarnação, mas o impasse do ataque inicial viria a frustrar este desenvolvimento. Outro alvo planeado seria o Forte do Alto do Duque, então quartel-general do COPCON, entre outros.[1][20]
    • 12h00:
      • No Quartel do Carmo, oficiais da GNR "levados ao engano", comandados pelo major Freire Damião e outros ex-GNR, prendem o Comandante Geral da GNR Pinto Ferreira e outros militares fiéis ao MFA.[16]
      • Civis começam a acorrer ao RAL 1 e a serem armados pelas forças armadas defensoras.[25]
    • 13h00:
      • Civis armados, comandados por dois militares e transportados por dois helicópteros, atacam o emissor do Rádio Clube Português em Porto Alto, interrompendo a sua emissão.[15][20]
      • Cessar-fogo no RAL 1. O major Mensurado dirige-se ao COPCON para dialogar. Pouco depois, os sitiantes e os sitiados começam a confraternizar.
      • Spínola contacta Jaime Neves, que nega de novo aderir ao golpe, e também Ricardo Durão, 2º comandante da EPC e irmão de Rafael Durão.
    • 13h22: Na base de Monte Real, o comandante da base finalmente dá autorização a duas parelhas de F-86 para a sua missão de intimidação. Sobrevoam a base do RAL 1, a Avenida da Liberdade e o Forte do Alto do Duque. Neste último, recebem fogo dos defensores, sem danos reportados.[1][20]
    • 13h30: Membros da GNR, em 5 moto-blindados Shorland, tentam ocupar de igual modo a antena da Rádio e Televisão Portuguesa (RTP) em Monsanto, mas foram prevenidos por forças do COPCON. O major Rosa Garoupa telefona ao o major Casanova Ferreira, comandante da PSP, solicitando-lhe que ocupasse as instalações da Rádio Renascença, o que também não se concretizou, apesar da adesão deste ao golpe.
    • 14h35: O Tenente-Coronel Quintanilha, que se havia ausentado da base de Monte Real para Tancos ao ser frustrada a descolagem imediata dos F-86, regressa com aviões Aviocar que transportavam 25 paraquedistas, que não chegam a aterrar. Quintanilha ameaça que os paraquedistas ocupariam a base caso se verificasse hostilidade aos propósitos das suas ordens superiores. Sargentos da base tentam então prendê-lo, mas este retira-se de helicóptero.[1][20]
    • 14h40: Tendo-se deslocado de helicóptero à EPC, o brigadeiro Morais convence o tenente-coronel Ricardo Durão e Salgueiro Maia a virem a Tancos para dialogar com António de Spínola. Este último revela então a sua crença que as unidades nas quais contava haviam mormente aderido ao golpe, vindo a ser desiludido.[1] Segundo Salgueiro Maia, no encontro Spínola ter-lhe-á primeiramente perguntado porque não tinham ainda chegado a Lisboa.[26]
    • 14h45:
      • A Emissora Nacional transmite o primeiro comunicado do gabinete do Primeiro-Ministro: "A aliança entre o Povo e as Forças Armadas demonstrará, agora como sempre, que a revolução do PREC é irreversível." [15] Em resposta, sai de Tancos um helicóptero incumbido de destruir a antena da EN.
      • Saem dois pelotões do Batalhão de Infantaria n.º 1 da GNR com a missão de controlarem, respectivamente, o centro logístico do exército em Santa Clara e instalações da GNR na Graça, falhando ante a oposição dos serviços de segurança das instalações.[19][20]
    • 15h00: Soldados da base de Tancos rebelam-se contra os seus oficiais golpistas e arrombam algumas das viaturas spinolistas, das quais retiram armamento, sobretudo pistolas-metralhadoras. Uma companhia de paraquedistas comandada pelos capitães Albuquerque Pinto e Valente dos Santos é destacada para lidar com o contratempo, mas um grupo de soldados e milicianos ainda assim cerca os conspiradores no seu Centro de Operações em Tancos, onde os generais Lemos Ferreira e Sacramento Marques (enviados pelo CEMFA e pelo Estado Maior do Exército), se encontram com Spínola, a negociar a sua rendição. Salgueiro Maia e Ricardo Durão passam pelo cordão de soldados cercantes, Salgueiro Maia dissuadindo-os de agir contra os fuzileiros cercados spinolistas, e os dois oficiais juntam-se no Centro de Operações ao diálogo.[26] Spínola e seus apoiantes dirigem-se então a meios de fuga.[6] Com os seus pilotos ainda alheios aos últimos desenvolvimentos, aeronaves T-6 em missão de apoiar o golpe continuam a descolar.
    • 16h00: Falece o soldado Joaquim Carvalho Luís devido aos ferimentos causados pelos atacantes. Constam outros 14 feridos.[20][27] Do lado atacante, um dos helicópteros foi alvejado, resultando daí um piloto, Alferes Miliciano Chinita de Mira, e um paraquedista feridos.[1][19]
    • 16h20: O General Spínola escapa num grupo de 4 helicópteros Alouette IlI para a Base Aérea de Talavera La Real, em Espanha, em conjunto com a sua família e outros, como Mira Godinho[28], Rebordão de Brito[29], etcétera.[17][20][30] Outros, como Alpoim Calvão, escapam de carro rumo à fronteira, para serem recebidos pelo regime franquista, que contacta o governo brasileiro, no sentido de lhes procurar lá exílio político.[1][28]
    • 17h00 - Últimos irredentos:
      • No gabinete do General Mendes Dias, o diálogo entre os comandantes do RAL 1 e dos paraquedistas atacantes está em impasse. Chega um oficial enviado pelo brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho que declara ter instruções para prender o oficial paraquedista se ele decidir continuar as hostilidades. Face àquela ameaça, o major Mensurado rende-se finalmente, e consigo os demais revoltosos no RAL 1.[31]
      • Membros da GNR spinolistas, General Damião, Xavier de Brito, Rosa Garoupa e o tenente José Alberto Barros conseguem fugir e pedir asilo na embaixada da RFA.[19][32] Seguidamente, o General Pinto Ferreira aparece à janela do Carmo, já livre.
    • 19h00: A agência France Presse informa que Spínola, acompanhado da esposa e de 15 oficiais, chega à base aérea de Talavera La Real, em Badajoz.[15]
    • 20h00: Mensagem do Presidente da República Francisco da Costa Gomes em que dá a lista dos implicados naquela que intitula de "aventura reaccionária". Destitui Casanova Ferreira do comando da PSP.[33]
    • Reunião Extraordinária do MFA: cerca de 200 membros do MFA reúnem-se com o Presidente da República, general Costa Gomes, a Junta de Salvação Nacional e os membros militares do Governo na que viria a ser chamada "Assembleia Selvagem", de duração de cerca de 8 horas e meia. Alguns soldados do RAL 1 pretendiam participar ainda armados. Nesta, os apelantes a fuzilamento sumário dos culposos do golpe, em particular os soldados do RAL 1 cujo porta-voz era o major Diniz de Almeida, são refreados pelos moderados como o capitão Cabral e Silva e major Costa Neves, que lembram aos radicais presentes que nem a ditadura havia executado os responsáveis do fracassado Golpe das Caldas. Na voz do capitão-tenente Luís Costa Correia,[31] defendem também a execução planeada da eleição Constituinte, ainda que parte da assembleia a quisesse adiar. Desta reunião, em que os gonçalvistas tomam a dianteira nas questões politico-económicas; decide-se sobre a nacionalização da Banca e dos Seguros, que abortaria o "Plano Melo Antunes" dos moderados, que havia sido aprovado a 4 de Março. Planeia-se uma reforma agrária assente na expropriação de grandes propriedades, e a cria-se o Conselho da Revolução, que substituirá a Junta de Salvação Nacional criada por Spínola na tutela militar do poder político, e que tem as funções adicionais de "vigilância do cumprimento do programa do MFA e das leis constitucionais" no processo de transição para a democracia.[12][28][34][35][36][37]
  • 12 de Março de 1975 - Tensões escalam:
    • Inicia-se uma vaga de ocupações de empresas e propriedades contra os seus proprietários.[15] São presos certos industriais, como os líderes das famílias de Mello e Espírito Santo.[6][38][39]
    • Algumas sedes do CDS, como as do Porto[40][41] e de Esposende[42], são assaltadas e vandalizadas por manifestantes de extrema-esquerda. É suspenso o MFP-PP, de ideário spinolista.
    • Otelo de Carvalho declara que foi feito um pedido de prisão dos fugitivos ao governo espanhol. Um entrevistador pergunta-lhe conspirativamente se um "certo senhor ligado ao imperialismo internacional" que tem "agravado as crises portuguesas" e realizado "ataques frontais ao MFA", com veladas referências ao que teria "feito pelos países onde andou", deveria ser deixado actuar livre e "impunemente".[nota 3] Otelo concorda e declara que o governo deveria aconselhar Frank Carlucci a "abandonar o país, até para segurança pessoal", que não a poderia "garantir".[43][44]. Mais tarde, o governo viria a desculpar-se pelas afirmações de Otelo,[45] mas este confirmaria a sua sinceridade em conversa com o próprio embaixador. De seguida, relembrado pelo estado-unidense do seu dever de garantir a segurança pública, destacaria homens para a residência de Carlucci.[46]
    • A embaixada alemã, albergando os golpistas da GNR, mantém-se ameaçadoramente cercada por centenas de manifestantes, que ocasionalmente gritavam "Nazis" e "Fascistas". Pelas 16h30, ao sair da Embaixada, Fritz Caspari é forçosamente travado por uma “multidão em fúria”, que lhe revista o carro. Os militares do COPCON presentes não só não impedem o desacato diplomático, como mantém os passageiros do carro sob mira das suas pistolas-metralhadoras. Sobre o comportamento das tropas do COPCON, o governo viria em tom de desculpa confessar ao embaixador a sua incapacidade de garantir "a obediência das tropas".[47] Os golpistas que haviam pedido asilo na embaixada da RFA entregam-se finalmente às autoridades portuguesas. São transportados, por segurança, em carros-blindados, por uma passagem criada por um cordão de comandos e fuzileiros, por forma a fintarem os cerca de 500 manifestantes à porta da embaixada. Às suas famílias, é oferecida proteção na Alemanha Ocidental.[32]
    • Guardas militares do RAL 1 atingem mortalmente um civil que não obedece a ordem de paragem.[15]
  • 13 de Março de 1975:
    • Zeca Afonso e Sérgio Godinho cantam para os militares do RAL 1.[48][49]
    • Uma nova esquadra naval da NATO marca presença na costa portuguesa.[18]
  • 14 de Março de 1975:
    • O General Spínola faz rumo ao exílio no Brasil, por via de Madrid, depois Buenos Aires, em conjunto com vários dos revoltosos.[50]
    • É instituído legalmente o Conselho da Revolução, que rapidamente aprova a nacionalização da banca, “a lei mais revolucionária que jamais foi promulgada neste país”, segundo o Presidente que se viu no encargo de a promulgar.[7] O sindicato de bancários de Lisboa, cujos membros socialistas tinham vindo a defender essa linha política,[8] e que às 11h do dia do golpe tinha com celeridade encerrado os bancos, denunciando a "tentativa desesperada" "fascista",[7] aplaude a medida numa manifestação na Baixa lisboeta.[51][52] São feitas excepções a certos bancos estrangeiros com filial sediada no país, um francês, um britânico e um brasileiro, às caixas económicas, e às de crédito agrícola mútuo.[53]
  • 17 de Março de 1975 - São suspensos o Partido da Democracia Cristã (PDC)[54], o Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), e a Aliança Operário-Camponesa (AOC), "pelo emprego da violência ou pelo incitamento e provocação ao seu uso" e pelo "comportamento antidemocrático" no PREC.[55][56] Não obstante, o MRPP continuaria a sua actividade de "perturbação da ordem pública".
  • 21 de Março de 1975 - Por decisão do Conselho da Revolução, António de Spínola e outros 18 oficiais são expulsos das Forças Armadas.[57] Vítor Crespo exige com sucesso que ele mesmo, Melo Antunes e Vítor Alves, moderados afastados pelos gonçalvistas poucos dias antes, sejam re-incluídos no governo.[12]
  • 22 de Março de 1975 - Face ao empoderamento das facções à extrema-esquerda, Henry Kissinger defende duas vias; o apoio aos moderados ou uma "política de ostracização" para Portugal, contrária à posição de Carlucci.[12]
  • 23 de Março de 1975 - O Exército Para a Libertação de Portugal (ELP) é denunciado pelo brigadeiro Eurico Corvacho (comandante da Região Militar Norte e representante do COPCON no Norte de Portugal, que havia "previsto" um golpe pelo ELP previamente ao 11 de Março[12]) numa conferência de imprensa difundida em directo pela RTP, afirmando que "este tinha sido descoberto e que era uma organização fascista que visava espalhar o sangue e o luto no seio do povo português". As autoridades militares anunciam a detenção de doze indivíduos ligados ao ELP, cuja prisão ocorrera, de facto, em finais de fevereiro. Os serviços de informação tornam pública a notícia oportunamente, tentando fazer crer que ela vinha na sequência do fracassado golpe spinolista.[58] A mando da Região Militar Norte, viriam a ser presos também alguns outros militares, e "elementos do meio financeiro e industrial, detidos com base em acusações de trabalhadores" "acusados da prática de crimes contra a segurança externa e interina do Estado, mais concretamente, de pertencerem ou colaborarem com o ELP".[59]
  • 29 de Março de 1975 - O ELP (que frequentemente terá intitulado Spínola de "traidor")[60][61] em notícia divulgada pela imprensa, nega qualquer intervenção na Intentona de 11 de Março, mas afirma-se pronto a actuar em todo o território português contra o clima comunista que se tinha instalado no país.[58]
  • (data incerta de) Março de 1975 - O então líder do governo franquista, Carlos Arias Navarro, procura apoio dos EUA no caso de decidir por uma invasão a Portugal, para combater a "crescente ameaça comunista".[62][63] Já o próprio Franco ter-se-á oposto, pois "qualquer intervenção estrangeira seria prejudicial para os moderados, porque uniria os portugueses contra quem os atacasse", algo que expressou ao presidente Ford, então acompanhado de Kissinger.[64][65][66]
  • 31 de Março de 1975 - Desde a independência imersa em violência política para com ex-militares afro-portugueses (muitos sob ex-comando de Spínola[67]) e outros dissidentes, Bissau relata novas de uma alegada conspiração, entretanto abortada, que visava a eliminação de dirigentes máximos do PAIGC.[18]
  • 23 de Abril de 1975 - A Quinta da Torre Bela é ocupada por Otelo de Carvalho, Costa Martins (então Ministro do Trabalho gonçalvista) e Camilo Mortágua. É transformada numa cooperativa experimental, que inclui propósito de reabilitação social. Sintomático das vincadas divisões entre grupos de extrema-esquerda, o PCP, em plena campanha eleitoral, e que tinha expropriado semelhantemente várias propriedades, incluindo transformando várias quintas semelhantes em "Unidades Colectivas de Produção", não tem qualquer papel na ocupação.[68]
  • 25 de Abril de 1975 - Realizam-se as eleições para a Assembleia Constituinte, com resultante vitória do Partido Socialista, seguido do Partido Popular Democrático.
  • 5 de Maio de 1975 - Do exílio, Spínola forma o Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP). Incorporará, a par de vários golpistas do 11 de março, vários ex-partidários de partidos banidos, em especial do spinolista MFP-PP, mas também do PDC, como o seu criador Sanches Osório.[69] Vir-se-iam a gabar da sua superioridade estratégica em relação ao ELP, ao terem "mais e melhores contactos com posições oficiais no governo".[70]
  • 15 de Maio de 1975 - No esforço de "saneamento" das forças armadas promovido pelo MFA[20] e a extrema-esquerda portuguesa, e face à crescente instabilidade socio-política, alguns oficiais vistos como "leais ao regime fascista" e a Spínola vêm sendo perseguidos. Na paranóia generalizada, mesmo Salgueiro Maia é acusado de apoiar os spinolistas no dia do golpe.[71] Radicalizados pelo ataque de 11 de março, soldados do RAL 1 são frequentemente agentes deste "saneamento". O fuzileiro José Jaime Coelho da Silva e sua mulher Natércia são raptados e torturados, incluindo violência sexual sobre a prisioneira, interrogados relativamente a um eventual golpe de estado em Portugal e movimentos contra-revolucionários na Guiné-Bissau, ficando o soldado de seguida vários meses preso.
  • 17 de Maio de 1975 - Marcelino da Mata é raptado pelo MRPP de Saldanha Sanches, entregue aos soldados do RAL 1 que o mantêm preso e torturado, interrogado quanto ao ELP e actividades conspiratórias contra o novo regime da Guiné-Bissau.[72][73][74] Ao ser libertado em outubro após tratamento médico, foge para Espanha, onde ficará até ao 25 de Novembro.
  • 28 de Maio de 1975 - Alinhado com as preocupações do presidente espanhol, o embaixador americano em Espanha, Wells Stabler, declara que “com a sua longa fronteira com Portugal, seria difícil Espanha proteger-se de uma acção subversiva portuguesa”, justificando uma possível invasão.
  • Segue-se o Verão Quente, onde os radicais de extrema-esquerda e extrema-direita infligem violência e terror pela sociedade. Findará com o 25 de Novembro.
  • 11 de Janeiro de 1976 - Spínola contacta o governo, ponderando vir a dissolver o MDLP. Alpoim Calvão reúne-se com representantes do governo para iniciar negociações.[70]
  • 19 de Janeiro de 1976 - Ciente dos excessos do "saneamento", o Conselho da Revolução nomeia uma comissão de averiguação de violências e outros abusos sobre presos sujeitos às autoridades militares, publicada em julho desse ano.[59]
  • Ao longo do primeiro trimestre de 1976, golpistas presos são soltos, vindo gradualmente a ser reintegrados nas forças armadas.[75]

Representações na cultura

Zeca Afonso compôs a canção "O Dia da Unidade", editada em 1976, que memoriza a unidade entre militares e povo, que terá encontrado após visitar a base depois do ataque, e evoca a memória do soldado Joaquim Carvalho Luís.[76]

A intentona, na perspectiva de Salgueiro Maia, foi ficcionalizada no filme "Salgueiro Maia - O Implicado".

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Notas

  1. Almeida Bruno ficará então do lado de Jaime Neves, passando então a recusar-se falar com Spínola, no decorrer da intentona. Declararia posteriormente não estar a par da conspiração, tendo-se deslocado à Amadora para assuntos relacionados com a constituição da Associação de Comandos, desmentido por Jaime Neves.
  2. Não está claro se é o António Alberto Ferreira que comandava unidades do RC 3 no 25 de Abril, capitão vindo a ser promovido a major algures entre 74 e 83, ano que recebe a Ordem da Liberdade como major (e sendo assim erro das fontes ao tratarem-no por Coronel, como já era quando autorou uma obra auto-biográfica em 2004 e fez várias participações cívicas de memorialização), ou se será outro Alberto Ferreira também oficial de cavalaria. O RC 7, que se havia oposto à revolução em 25 de Abril de 74, virá a ser extinto em 31 de Março de 1975 (Diogo Henrique Gonçalves Senra, em "A participação do Regimento de Cavalaria N.º 6 na Guerra Colonial Portuguesa", p. 49).
  3. Esta teoria fazia alusão às muito remorejadas e então recentemente confirmadas intenções da CIA de assassínio do líder Lumumba no Congo, que vindo de facto a ser eliminado, numa acção que culpabilizou mais tarde com maiores certezas os EUA, a Bélgica e o Reino Unido, foi então rapidamente substituído por Cyrille Adoula, com quem Carlucci tinha feito amizade no seu serviço na embaixada do Congo. Alude também ao facto de haverem membros da CIA a trabalharem na embaixada portuguesa ao serviço de Carlucci.