Biofeedback

Técnico numa sessão de biofeedback

Biofeedback é uma ferramenta terapêutica que fornece informações com a finalidade de permitir aos indivíduos, desenvolver a capacidade de autorregulação.[1] Envolve o retorno imediato da informação através de aparelhos sensórios eletrônicos, sobre processos fisiológicos (frequência cardíaca, temperatura periférica, resposta galvânica da pele, tensão muscular, pressão arterial e atividade cerebral).[2] O método permite à pessoa voluntariamente regular suas reações fisiológicas e emocionais. O uso de equipamento eletrônico sensível amplia e transforma as reações fisiológicas em sinais de luz e som que são utilizados para evitar doenças. Todos os processos fisiológicos podem ser controlados através do uso de biofeedback. O treinamento inclui diferentes métodos de conscientização e relaxamento, como, por exemplo, técnicas musculares, respiratórias, autogênicas e cognitivas.[3][4]

O termo treino por biofeedback entrou em uso, por volta de 1969, quando demonstrou ser uma ferramenta útil no ensino e aprendizado de processos de auto-regulação que envolvem treinamento. O termo é formado pelo radical 'bio' (vida) e 'feedback' (retorno de informação).

O biofeedback, que também é descrito como "método de treinamento psicofisiológico por meio de equipamentos eletrônicos", é uma ferramenta utilizada na pesquisa, treinamento e tratamento clínico de profissionais de instituições de referência mundial, quase que em toda a totalidade. Aspectos como o stress, padrões de ondas cerebrais, respiração, batimentos cardíacos, tensão muscular, fluxo sanguíneo, temperatura, entre outros, são captados e filtrados. As amostras são convertidas e transmitidas ao paciente, em tempo real, por meio de equipamentos que treinam estes padrões.

Em ambientes clínicos, esses e outros processos de auto-regulação adquiridos, através do treinamento em biofeedback, podem ser usados para reduzir ou eliminar sintomas de desordens orgânicas ou relacionadas ao stress, para recuperar funções musculares e reduzir a dor resultante de um ferimento ou doença. Pode ser usada como modalidade terapêutica principal ou associada com outras intervenções terapêuticas, tais como: aconselhamento de estilo de vida, treinamento em dessensibilização, reestruturação cognitiva ou psicoterapia. Gradualmente, o treino por biofeedback desenvolveu-se em um poderoso procedimento terapêutico.

Em ambientes educacionais e empresariais, o treino por biofeedback é uma ferramenta para o desenvolvimento de relaxamento profundo e gestão do stress, processos que são importantes na prevenção das doenças relacionadas ao stress. Em todas as aplicações, a meta do treinamento em biofeedback é a auto-regulação, isto é, a aprendizagem de como controlar tanto os processos físicos quanto os mentais, para um funcionamento melhor e mais saudável.

Procedimentos e processos

Os treinos por biofeedbacks começam com a conexão a um aparelho sensível, destinado a medir um processo fisiológico específico (por exemplo, a atividade elétrica do sistema músculo-esquelético). Neste caso, o instrumento de biofeedback é conectado ao músculo com sensores colocados sobre a pele, então ele amplifica a resposta fisiológica e converte-a em informações significativas (usualmente um som ou sinal visual), que é comunicado ao paciente.

A pessoa usa a informação como um guia, enquanto pratica uma variedade de procedimentos para reduzir a tensão muscular. Assim, o instrumento de biofeedback permite o acesso a informações sobre processos internos do organismo, dos quais a pessoa pode não estar ciente ou achar difícil regular.

Treino por Biofeedback, para tratar sintomas de stress pós-traumático
Treino por Biofeedback, para tratar sintomas de stress pós-traumático

Tipicamente, processos de respiração profunda, relaxamento e visualização, são usados com este tipo de retorno de informação, apesar de procedimentos específicos de treinamento variarem de acordo com o propósito do treinamento ou terapia. Aprender a mudar funções fisiológicas precisa essencialmente de prática e administração dos conhecimentos adquiridos na terapia.

Através do relaxamento e gestão de stress, contudo, outros processos cerebrais são acessados, com a redução na reação de stress, e habilitam o corpo para a recuperação. Devido ao facto de a mente e corpo interagirem, é possível guiar o corpo em direção à saúde, quando stress, doenças ou ferimentos tenham bloqueado a tendência corporal natural para permanecer saudável. A instrumentação de biofeedback não será mais necessária quando as habilidades de auto-regulação forem dominadas.

Os elementos chaves no treinamento em biofeedback, que fazem a auto-regulação possível, são: a interação mente-corpo; o retorno de informações; o aumento da conscientização; e a prática. Em muitas aplicações, a habilidade de relaxamento profundo é também essencial, pois promove saúde e ajuda no tratamento e prevenção de muitos distúrbios.

Em outras aplicações, tais como a recuperação da função muscular depois de ferimentos, a ferramenta primordial é o feedback. Tendo o terapeuta a função de treinador, ensinando técnicas para uma melhora da performance. O processo de feedback, aparentemente simples, facilita a aprendizagem e aquisição de técnicas de auto-regulação que passam a se tornar hábitos de vida.

Aparelhos instrumentais para biofeedback

Os instrumentos para o treino por biofeedback são altamente sensíveis e monitorizam processos fisiológicos. Sinais fisiológicos vindos do corpo são amplificados pelos instrumentos e convertidos em informação útil. Tais como sons, imagens, pequenas descargas elétricas e medidores gráficos ou luzes, estes geralmente mostrados na tela do monitor de um computador.

Tipos de interpretação das informações do feedback

Feedback de tensão muscular

A eletromiografia (EMG) mede a atividade elétrica dos músculos esqueléticos, monitorizando com sensores localizados na pele, sobre músculos apropriados.

Feedback EMG é usado para treinamento de relaxamento geral, sendo a modalidade primária para tratamento de: cefaléia de tensão;[5][6] bruxismo e problemas da articulação têmporo-mandibular; dor crônica; espasmo muscular; paralisia parcial; ou outras disfunções musculares devidos a ferimentos, contusões ou distúrbios congênitos. A reabilitação física, através da reeducação neuro-muscular, é uma importante aplicação do feedback eletromiográfico.

Feedback termal (fluxo sanguíneo)

Instrumentos de feedback termal medem o fluxo sanguíneo na pele. Isto a partir do fato de quando os pequenos vasos na pele se dilatam (vasodilatação), o fluxo sanguíneo e a temperatura aumentam; e quando esses vasos se contraem (vasoconstrição), o fluxo sanguíneo e a temperatura diminuem.

Os vasos nos dedos são particularmente sensíveis ao stresse (ocorrendo vasoconstrição), e ao relaxamento (ocorrendo vasodilatação). Feedback de fluxo sanguíneo é também usado no tratamento dos distúrbios vasculares específicos, incluindo: enxaqueca, doença de Raynaud, hipertensão essencial, complicações vasculares de outras doenças como a Diabetes. Desta maneira, o feedback de temperatura dos dedos mostra-se uma ferramenta útil em treinamento de relaxamento.[7]

Feedback de reação eletro-dérmica

Os instrumentos de feedback de reação eletro-dérmica (RED) medem a condutividade da pele dos dedos e palmas das mãos. O RED é altamente sensível às emoções em algumas pessoas.

Feedback RED tem sido usado no tratamento de sudorese excessiva (hiperidrose) e condições dermatológicas relacionadas, além de relaxamento e treinamento em dessensibilização.

Feedback de onda cerebral

O eletroencefalógrafo (EEG) monitoriza a atividade das ondas cerebrais a partir de sensores colocados no couro-cabeludo.

Técnicas de Biofeedback de EEG (também conhecido como Neurofeedback) são utilizadas no tratamento da epilepsia, Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (ADHD) em crianças (ADD), alcoolismo, dependência química e outros distúrbios devidos ao consumo de drogas potencialmente danosas. Além de traumatismo craniano, desordens de sono ou insônia, depressão e Transtorno do pânico.

Aplicações especiais

Instrumentos especializados para biofeedback têm sido desenvolvidos com o objetivo de facilitar a auto-regulação em uma variedade de distúrbios orgânicos relacionados ao stresse. Tais como: arritmias cardíacas, incontinência fecal e urinária), incluindo enurese noturna, problemas respiratórios e Síndrome do intestino irritável.

A terapia de biofeedback envolve também novas aplicações e procedimentos de treinamento que são desenvolvidos através da pesquisa e da prática clínica. Entre as técnicas de auto-regulação, o biofeedback é ímpar, porque a instrumentação providencia informações instantâneas, que normalmente não estão acessíveis ao paciente, e simultâneas, verificando-se o sucesso dos procedimentos usados para auto-regulação.

Crianças e adultos que participam no treino em biofeedback e terapia, frequentemente, obtêm redução significativa dos sintomas e tornam-se aptos a reduzir ou eliminar medicamentos enquanto experienciam uma sensação renovada de bem estar físico e mental.

Bibliografia e Referências

  • Association for Applied Psycophysiology and Biofeedback)
  1. Clínica Márcio Tassino. «O que é o Biofeedback». Consultado em 21 de setembro de 2012 
  2. Clínica de Stress e Biofeedback. «Biofeedback». Consultado em 21 de setembro de 2012 
  3. (em inglês) Durand, Vincent Mark; Barlow, David (2009). Abnormal psychology: an integrative approach. Belmont, CA: Wadsworth Cengage Learning. pp. 331. ISBN 0-495-09556-7  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  4. (em inglês) «What is biofeedback?». Association for Applied Psychophysiology and Biofeedback. 18 de maio de 2008. Consultado em 22 de fevereiro de 2010 
  5. Nestoriuc Y, Martin A (março 2007). «Efficacy of biofeedback for migraine: a meta-analysis». Pain. 128 (1–2): 111–27. PMID 17084028. doi:10.1016/j.pain.2006.09.007 
  6. Nestoriuc Y, Martin A, Rief W, Andrasik F (setembro 2008). «Biofeedback treatment for headache disorders: a comprehensive efficacy review». Appl Psychophysiol Biofeedback. 33 (3): 125–40. PMID 18726688. doi:10.1007/s10484-008-9060-3  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  7. (em inglês) Toomim, H., & Carmen, J. (2009). Homoencephalography: Photon-based blood flow neurofeedback. In T. H. Budzynski, H. K. Budzynski, J. R. Evans, & A. Abarbanel (Eds.) (2009). Introduction to quantitative EEG and neurofeedback (2nd ed.). Burlington, MA: Academic Press.

Ligações externas

  • «Página da AAPB» (em inglês)